Dizem que o fruto nunca cai longe do pé. Ainda bem!

em Kokua Blog

Hoje, aos 36 anos, tenho muito orgulho em falar essa frase. Lógico que nem sempre foi assim. Ter sido criada diferente de muitas crianças me proporcionou momentos difíceis na infância e início da adolescência. Mas querem saber? Foi a melhor coisa que aconteceu comigo! A relação que tenho hoje com alimentação saudável, consumo consciente - envolvendo tanto a parte de sustentabilidade quanto o precisar cada vez mais de menos - está estritamente ligada ao exemplo que tive dentro da minha casa.

O objetivo desse texto não é apontar caminhos certos ou errados, mas mostrar o quão importante é ensinar pela ação. A palavra ensina e o exemplo arrasta, não é mesmo?! 

Pensei muito e escolhi quatro lições valiosas que carrego comigo até hoje e espero poder contribuir com quem esteja lendo nesse momento. Espero que gostem!


Lição 01: Valor ao alimento e à sustentabilidade

O meu “danoninho” era iogurte natural batido com fruta. O meu “salgadinho” dos dias no clube era tomate, pepino e cenoura com sal. Sobremesa, uma fruta bem docinha. Amava a berinjela na carninha moída e o espinafre no purê de batata. 

Muitas vezes, briguei porque queria comer igual a todo mundo. Queria a batata frita de saquinho, a bolacha recheada, o bife à milanesa ou a bala cheia de corante e açúcar. Quando isso acontecia, ouvia um forte “não”, “ninguém morre de vontade” e seguia em frente (mesmo que brava). 

A consequência disso? Um paladar infantil, que me remete aos almoços de família, com comida árabe feita em casa, onde achar a variedade de cores, formas e sabores das frutas, vegetais e legumes era a coisa mais linda, além de ajudar a entender de onde vem a comida que me alimenta.

Também cresci vendo uma casa com reuso: as saboneteiras dos banheiros, ao invés de serem aquelas lindas de catálogo, são charmosas cascas de coco seco. Os enfeites, eram de materiais reaproveitados. O saco de lixo não é saco de lixo: é embalagem de papel do pão da padaria. A composteira existe firme e forte. A compra do supermercado é na sacola de pano de mil anos atrás e nas caixas que religiosamente tenho que devolver quando pego emprestadas. 


Lição 02: Esporte como parte da rotina

Acordar, se nutrir e praticar um esporte: essa rotina vi e vivi desde sempre. Até hoje, vejo minha mãe acordar, tomar suco verde, banana com castanhas, aveia e mel, fazer mobilidade e sair para pedalar. 

Anos atrás, era sair para correr ou caminhar. No meio do inverno, nadar. Nas viagens de férias, sempre tinha uma trilha, uma aula de surfe, uma bicicleta no porta malas. 

Em casa, o esporte é prazer e lazer. É viver o dia na sua melhor forma possível. 

Minha melhor recordação é das manhãs na piscina do clube. Passei pela natação, tênis, ballet, jazz, sapateado, musculação e me encontrei na corrida - e, posteriormente, no triathlon - por sempre gostar de estar em movimento.


Lição 03: Nunca parar de aprender e se reinventar sempre

A minha mãe da minha juventude com certeza não é a mesma de hoje. A de hoje, a cada ano que passa, fica mais nova. 

Ela mudou e nos mostrou que, gostar de si mesmo e nunca parar de aprender é um ato de respeito consigo mesma. Já a vi fazendo aula de circo, dança flamenca, dança contemporânea, instrumentos musicais, tocou por anos em grupo de Maracatu, fala inglês, aprendeu alemão depois de mais velha, hoje faz aula de marcenaria (sorte da minha casa!) e pode ser que esteja ocupada com algo que eu não esteja sabendo nesse momento. Tudo isso a deixa alegre, forte e independente. 


Lição 04: Ter coragem

Essa, talvez, seja a lição que mais carrego comigo: coragem. Coragem para iniciar algo novo. Coragem para se aventurar. Coragem de ser quem é.

Ela, que é de uma família tradicional, teve coragem de se impor, viver seus finais de semana de terapia e se redescobrir. Teve coragem de encarar uma viagem sozinha de bicicleta na Europa por 18 dias. 

Quando eu era criança, ela tinha coragem de coisas incríveis: ela liderava nossas trilhas e a gente que lutasse para acompanhar. Ela pulava no mar e a gente que aprendesse a ir junto. Ela saltou de paraquedas… São muitos tipos de coragem. 

Coragem para ser fiel aos seus princípios, mesmo quando eu era adolscente - chata - consumista. Ela nunca nos limitou. 

Poderia continuar escrevendo por horas aqui. Foi uma delícia revisitar tantos aspectos importantes da minha vida. 

O meu recado para todas vocês, mamães, é que vocês têm mais poder do que imaginam. Os adultos do futuro serão o que vocês vivem hoje.

Encerro agradecendo todos os erros e acertos da minha mãe. E homenageando todas aquelas que tem dentro de si valores verdadeiros, simples, em respeito à natureza, ao esporte e ao mundo. Acreditem, a sementinha plantada hoje, irá crescer, mesmo que demore um pouco ;)

 

Marina Jacob
Natureba, empresária, triatleta amadora e Embaixadora Kokua

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