O coração e as emoções

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Desde a antiguidade, o coração sempre esteve associado às emoções. Quem nunca sentiu o coração acelerar por amor? Ou aquele aperto no peito quando estamos muito angustiados ou tristes? Foi apenas no século XVII que o anatomista Thomas Willis descobre: as emoções nascem no cérebro… Mas será que as emoções são apenas cerebrais? Ou será que afetam diretamente o coração?

“Não há nada como a esperança; nenhum incentivo é tão grande e nenhum tônico é tão poderoso quanto a expectativa de algo melhor amanhã.” Orison Swett Marden

A ciência já é capaz de dizer que a emoção afeta não só a nossa saúde mental, mas especialmente o bem-estar físico relacionado ao coração. Como exemplo, existem relatos científicos de aumento de ataques cardíacos com a queda da bolsa de valores americana entre 2008 e 2009, e também com o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 Atualmente, a leitura de mensagens noTwitterou noWhatsapp estão associados a fatores de estresse na sociedade moderna.

A resposta ao estresse parece ter um papel importante na relação entre o cérebro, os sentimentos, o comportamento e seus efeitos biológicos, principalmente sobre o coração.

O papel do estresse e o coração

O estresse psicológico é um componente fundamental da vida humana e afeta as pessoas com intensidade e frequência diferentes.
Os fatores estressantes podem se manifestar de forma aguda ou crônica. Também a resposta de cada indivíduo ao estresse é diferente e exerce papel único sobre a sua saúde.
O estresse crônico é aquele que dura meses a anos e sua relação com saúde e doença tem sido exaustivamente avaliada. Estudos recentes confirmam sua relação com o aumento do risco de várias patologias, incluindo alguns cânceres e doença cardiovascular. Por exemplo, pessoas submetidas a estresse psicossocial durante um ano tiveram duas vezes mais chance de ter infarto agudo do miocárdio. Também o estresse crônico aumentou o risco de acidentes vasculares cerebrais e de depressão.

O estresse crônico pode, ainda, servir de gatilho para o desenvolvimento de hábitos não saudáveis, como as mudanças alimentares, na busca das famosas comidas de “conforto”, cheias de açúcares e gorduras, e o tabagismo.
Da mesma forma, o estresse agudo, decorrente de desastres naturais ou emocionais, pode desencadear infarto em pessoas previamente suscetíveis. O estresse agudo é também o gatilho da Síndrome do Coração Partido.

Síndrome do Coração Partido

Desde a sua primeira descrição no Japão, em 1990, esta cardiomiopatia é reconhecida mundialmente. Também chamada pelo nome de “takotsubo”, termo japonês que significa “armadilha do polvo”, ela ocorre em 1 a 2% dos pacientes com suspeita de infarto, com frequência maior em mulheres (80 a 100% dos casos), depois da menopausa e predominantemente em adultos mais velhos.

Nesta doença, geralmente depois de forte estresse agudo, o paciente apresenta sintomas de infarto agudo do miocárdio, como dor no peito, náuseas e falta de ar, e também alteração nos exames de sangue e no eletrocardiograma, compatíveis com infarto.
Ainda, existe dano transitório do músculo cardíaco como se houvesse entupimento de coronária, artéria que nutre o coração. No entanto, ao realizar cateterismo, o exame feito para avaliar os entupimentos, as coronárias não apresentam nenhuma obstrução.

De que forma as emoções afetam o coração?

As emoções estão fortemente ligadas ao coração e ao sistema cardiovascular por uma rede complexa envolvendo o cérebro, hormônios de estresse e o revestimento interno das artérias (endotélio).

A ativação do sistema nervoso pelo estresse pode provocar a liberação de adrenalina e noradrenalina, que aumentam a pressão arterial e elevam os batimentos cardíacos, provocam maior transpiração e vermelhidão na face.
O estresse crônico também aumenta a produção e a liberação de cortisol (cortisona), que promove hipertensão, aumenta o apetite, a adiposidade corpórea e provoca aumento resistência à ação da insulina. Além disso, este hormônio leva à desregulação do sistema imunológico o que, consequentemente, gera inflamação nos vasos sanguíneos e facilita a formação de placas de gordura (aterosclerose).

Deste modo, as emoções podem contribuir para o desenvolvimento da aterosclerose tanto por atuar no vaso sanguíneo, como por piorar os fatores de risco tradicionais, como o tabagismo, a hipertensão e o metabolismo das gorduras e açúcares através da piora nos padrões alimentares.

E as boas emoções podem ajudar o coração?

Sentimentos de felicidade, de bem-estar, de satisfação pessoal e com a vida podem ajudar o coração. Nos indivíduos com alto risco para as doenças cardiovasculares, os programas para redução do estresse são extremamente úteis e necessários, e o acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico é fundamental.

Da mesma forma, a prática regular de exercícios físicos, de meditação e de técnicas de relaxamento contribuem positivamente para a saúde do coração. Descansar e dormir bem, equilibrar trabalho e vida pessoal são conselhos que podem manter seu coração e sua mente mais saudáveis!

Esse artigo foi desenvolvido em parceria com a Dra. Silvia Pinella - Cardiologista e com o Blog Panacea

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